TenChi Tessen

Texto pelo diretor artístico Manuel Galrinho:

“Eu e a Joana a fazermos movimentos de TenChi Tessen no templo Tenrikyo de Bauru. O TenChi Tessen é uma arte criada pelo meu Mestre Georges Stobbaerts. Eu agarrei essencialmente o lado dança do TenChi Tessen e fui-lhe dando uma dimensão mais expressiva. Provavelmente o meu mestre não aprovaria a minha abordagem, mas eu aprendi com ele que não estamos cá para repetir cegamente, mecanicamente, o que os outros criaram. Eu estimulo os meus alunos a não repetirem o que faço. Criei a DeaiDance e quero que quem está a aprender comigo invente, crie, mude e acrescente. Quem sou eu para querer que alguém fique escravo do que eu fiz?
O fundamental do TenChi Tessen são movimentos a dois, ou em grupo, chamados “temas”, já criei novos temas e alterei a forma como os temas originais são executados. O TenChi Tessen original tem fortes influências do Zen e da arte japonesa com sabre, o Iaido, que apelam a uma atitude de indiferença e serenidade durante os movimentos. Isso é absolutamente oposto ao ser humano real, ninguém é assim, isso é um ideal inatingível. Nós somos uma mistura de serenidade e tempestade e é assim que será sempre para mim o TenChi Tessen. Numa coreografia, um tema será executado de forma explosiva, noutra de forma calma e lenta, de acordo com o que se pretende exprimir.
Um dia eu disse ao mestre que tinha feito um espectáculo e tinha mudado algumas coisas em função da música e da ideia orientadora, que eram os elementos dos pré-socráticos. Ele disse: foi de certeza muito belo, mas não tem o carácter de ritual espiritual. Eu respondi que não se perdeu esse carácter, antes pelo contrário. Ele gostava muito de mim, fui director técnico da sua escola durante uns anos, mas ele não apoiava totalmente a dança que eu estava a criar, apesar de eu e ele termos feito muitas apresentações que eram essencialmente dança, na Suíça, no CCB, no Olga Cadaval, etc. Nunca nos entendemos neste aspecto, mas acho que ele, no fundo, gostava deste meu lado rebelde, mas não o podia dizer.”