DeaiDance

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“Deai” é uma palavra japonesa que significa encontro. A DeaiDance é uma dança que resulta do encontro de várias artes, principalmente do Butoh, Tenchi Tessen, artes marciais, Zazen. Foi também influenciada pela fotografia, cinema, escultura, poesia e filosofia, nomeadamente a filosofia existencialista.

“A DeaiDance é uma dança composta por movimentos bem codificados, com formas bem definidas. As formas não são resultado de uma expressão livre, mas a expressão é livre dentro dessas formas, pois as formas são preenchidas por pessoas e as pessoas são diferentes e uma mesma pessoa não é sempre igual. Estas formas não estão definidas e acabadas, cada dia construímos novos movimentos, que não vêm de um impulso de momento, mas são laboriosamente pensados e trabalhados até chegarem à sua forma final. A ideia de outras danças, de que uma pessoa tem tudo para dançar, não precisa de técnica, conhecimento, orientação ou correção, que basta fazer o que espontaneamente lhes sai, é absolutamente estranha ao nosso trabalho. Assim, nos espectáculos, as coreografia são pensadas milimetricamente, ninguém está ali a inventar nada, não há espaço para improvisos.

Apesar disto, é uma dança bastante livre. Como é possível a liberdade, se as formas estão definidas e não há lugar a improviso? Parece uma contradição, mas não é. As formas são orientações a que não se pode escapar, mas o modo como essas formas se concretizam na prática depende da atenção a um tipo de sensações e os movimentos têm uma carga expressiva que depende dessas sensações. Um movimento produz uma sensação, o mesmo movimento pode produzir em pessoas diferentes sensações diferentes, ou em momentos diferentes produzir sensações diferentes a uma mesma pessoa. São essas sensações, que ao serem vividas intensamente, orientam o movimento predefinido. Quando cheiramos, olhamos, tocamos, uma flor temos sensações, quando fazemos um movimento também temos. Normalmente não estamos atentos a elas porque como estamos sempre em movimento esta atenção contínua tornaria impossível a vida. Se movemos um braço temos sensações relativas ao movimento e posição do braço, mas há outras coisas que sentimos e vivemos, como emoções, e a própria imaginação é ativada. Ao abraçarmos essas vivências temos um guia para os movimentos. Se um movimento nos dá a sensação de estarmos a afundar e a derreter, então é este afundar e derreter que orienta o nosso movimento ou gesto. Neste movimento afundamos e derretemos de corpo e alma. Se amanhã o mesmo gesto nos dá a sensação de estar a ser puxados por fios invisíveis, é essa sensação que nos dirige. Mas essas sensações são vividas dentro de formas relativamente rígidas. Digo relativamente rígidas pois existem nessas formas algum espaço para pequenas alterações, pois a própria vivência dessas sensações acaba por redefinir essas formas. Assim, as formas determinam as sensações que ao dar conteúdo a estas formas as retocam e redefinem. Formas —> sensações —> formas enriquecidas e redefinidas, sem ir contra o essencial predefinido. Bem, quem experimentar perceberá melhor.” (Manuel Galrinho)